Entrevista a Marta Rangel

02-01-2018 18:40

A jornalista recorda alguns momentos importantes e engraçados da longa carreira. Marta Rangel adquiriu uma experiência nos jornais, televisão e rádio que permite ter uma visão arrojada sobre o futuro da profissão em Portugal, sugerindo alterações ao modelo de negócio e apostando na qualidade dos jornalistas para combater os problemas que se arrastam há vários anos.

 

"Gosto de ser pivot porque estou confortável a olhar para uma câmara"

 

 

Como nasceu o gosto pelo jornalismo?

Na altura em que era mais nova recebi um rádio no Natal, que trazia um microfone. Nos dias seguintes realizei imensas entrevistas à família. O nascimento dos canais privados de televisão influenciou a decisão de tirar o curso de jornalismo.

Como qualificas a tua experiência profissional?

A passagem por diferentes órgãos de comunicação social foi o melhor que me aconteceu porque conheço várias pessoas e tive experiências bastantes diversificadas.

Quais foram os trabalhos que gostaste de realizar?

Adoro escrever, mas sou apaixonada por televisão. Gosto de ser pivot porque estou confortável a olhar para uma câmara, mas no início da minha carreira tinha vontade de estar numa zona de guerra.

E qual o episódio que ainda recordas?

Durante a presidência portuguesa da União Europeia experimentei vivências interessantes no plano profissional, como a Cimeira com a Rússia. No entanto, o episódio mais engraçado sucedeu na Cimeira com os Estados Unidos, em que fiquei surpreendida pelo Tony Blair me ter abordado porque estava perdido. Outra situação surpreendente foi ter descoberto que Muammar Khadaffi tinha um sósia durante uma conferência em Portugal.

Quais são os actuais desafios do jornalismo em Portugal?

A profissão, enquanto quarto poder, tem de ser repensada. O jornalista precisa de tempo para se preparar, pensar, reflectir e questionar, sobretudo nos dias de hoje em que somos inundados de informação proveniente de todos os lados. Temos de apostar na qualidade dos profissionais porque qualquer pessoa pode escrever uma notícia que não é verdadeira. O modelo de negócio também tem de ser alterado.

A especialização é um caminho viável?

Os órgãos de comunicação especializados fazem falta, mas os portugueses não estão preparados para a existência de um jornal que assuma uma cor partidária, já que, há desconfiança face ao poder político, optando por algo que os obrigue a pensar.

Qual é o principal papel do jornalista?

O trabalho do jornalista é estudar, investigar e efectuar questões aos especialistas. Tem de saber comunicar para qualquer tipo de público.