Entrevista a Rosa de Oliveira Pinto

30-01-2018 15:53

A jornalista responde a questões relacionadas com o percurso profissional e aos temas que dominam a actualidade do sector em Portugal. Rosa de Oliveira Pinto acredita que a especialização seria um bom caminho para o crescimento da profissão, mas a crise económica impede que se aposte mais na investigação jornalística. Na entrevista também ficamos a saber que existe outra paixão além da televisão.

 

"O papel do jornalista é efectuar uma ponte entre o telespectador e a notícia"

 

Como nasceu o gosto pelo jornalismo?

Surgiu durante os tempos da universidade. O nascimento da SIC Notícias também atraiu a minha atenção porque se tratava de um fenómeno novo.

Nunca teve dúvidas sobre o percurso profissional que adoptou?

No estágio tive sempre imensas dúvidas, mas gostava muito daquilo que fazia. O jornalista tem uma carreira com desafios diários. Temos de estar sempre a aprender. A diversidade das matérias para estudar não permite aborrecimentos.

A paixão pelo futebol surgiu por razões profissionais?

Desde pequena que gosto de futebol, sobretudo a partir do Mundial de 1994 nos Estados Unidos. É o desporto que os portugueses mais apreciam, além de captar grandes audiências. No plano profissional a oportunidade de trabalhar nesta área aconteceu naturalmente. No entanto, também estou atenta à política nacional e internacional.

Quais são os desafios de realizar uma emissão em directo?

É necessário estar bem preparada porque existem muitas situações imprevisíveis. Tento perceber o que domina a actualidade mediática.

Quais são as dificuldades de efectuar uma emissão sem a ajuda do teleponto?

As emissões sem teleponto são as mais desafiantes. É fundamental estar absolutamente concentrado e em alerta máximo porque trabalhamos sem rede. Por exemplo, quando há um acontecimento de última hora, não temos teleponto. A emissão que mais me marcou foi a do incêndio em Pedrogão Grande no ano passado, até porque emocionalmente foi muito complexa. Desde que se percebeu a dimensão da tragédia até ao fim da emissão; que durou seis horas, não houve teleponto, o que é normal. No entanto, são essas as emissões que mais nos marcam e nos fazem crescer enquanto jornalistas. 

Qual é a função do jornalista?

O papel do jornalista é efectuar uma ponte entre o telespectador e a notícia. Antes de comunicarmos uma notícia é preciso verificar e confirmar toda a informação necessária e depois encontrar uma forma acessível e compreensível de a transmitir.

A especialização dos profissionais é um bom caminho para o sector em Portugal?

A especialização é o caminho ideal para os jornalistas porque só assim têm tempo para pesquisar, estudar e criar uma rede de contactos forte em determinada área. Contudo, a diminuição do número de profissionais nas redações, que se tem verificado nos últimos anos, fruto do desinvestimento e das dificuldades financeiras dos órgãos de comunicação social, obriga a que todos os jornalistas tenham de fazer um bocadinho de tudo e, infelizmente, retira tempo para se efectuar investigação.