Entrevista a Rosa de Oliveira Pinto
A jornalista responde a questões relacionadas com o percurso profissional e aos temas que dominam a actualidade do sector em Portugal. Rosa de Oliveira Pinto acredita que a especialização seria um bom caminho para o crescimento da profissão, mas a crise económica impede que se aposte mais na investigação jornalística. Na entrevista também ficamos a saber que existe outra paixão além da televisão.
"O papel do jornalista é efectuar uma ponte entre o telespectador e a notícia"
Como nasceu o gosto pelo jornalismo?
Surgiu durante os tempos da universidade. O nascimento da SIC Notícias também atraiu a minha atenção porque se tratava de um fenómeno novo.
Nunca teve dúvidas sobre o percurso profissional que adoptou?
No estágio tive sempre imensas dúvidas, mas gostava muito daquilo que fazia. O jornalista tem uma carreira com desafios diários. Temos de estar sempre a aprender. A diversidade das matérias para estudar não permite aborrecimentos.
A paixão pelo futebol surgiu por razões profissionais?
Desde pequena que gosto de futebol, sobretudo a partir do Mundial de 1994 nos Estados Unidos. É o desporto que os portugueses mais apreciam, além de captar grandes audiências. No plano profissional a oportunidade de trabalhar nesta área aconteceu naturalmente. No entanto, também estou atenta à política nacional e internacional.
Quais são os desafios de realizar uma emissão em directo?
É necessário estar bem preparada porque existem muitas situações imprevisíveis. Tento perceber o que domina a actualidade mediática.
Quais são as dificuldades de efectuar uma emissão sem a ajuda do teleponto?
As emissões sem teleponto são as mais desafiantes. É fundamental estar absolutamente concentrado e em alerta máximo porque trabalhamos sem rede. Por exemplo, quando há um acontecimento de última hora, não temos teleponto. A emissão que mais me marcou foi a do incêndio em Pedrogão Grande no ano passado, até porque emocionalmente foi muito complexa. Desde que se percebeu a dimensão da tragédia até ao fim da emissão; que durou seis horas, não houve teleponto, o que é normal. No entanto, são essas as emissões que mais nos marcam e nos fazem crescer enquanto jornalistas.
Qual é a função do jornalista?
O papel do jornalista é efectuar uma ponte entre o telespectador e a notícia. Antes de comunicarmos uma notícia é preciso verificar e confirmar toda a informação necessária e depois encontrar uma forma acessível e compreensível de a transmitir.
A especialização dos profissionais é um bom caminho para o sector em Portugal?
A especialização é o caminho ideal para os jornalistas porque só assim têm tempo para pesquisar, estudar e criar uma rede de contactos forte em determinada área. Contudo, a diminuição do número de profissionais nas redações, que se tem verificado nos últimos anos, fruto do desinvestimento e das dificuldades financeiras dos órgãos de comunicação social, obriga a que todos os jornalistas tenham de fazer um bocadinho de tudo e, infelizmente, retira tempo para se efectuar investigação.