Entrevista a Filipa Galrão

21-12-2015 21:45

 

A locutora da "Mega Hits", Filipa Galrão, fala da paixão que sempre teve pela rádio e do percurso profissional. Na entrevista ao OLHAR DIREITO estabelece diferenças entre trabalhar no grande ecrã e na rádio, tendo assegurado aos ouvintes portugueses a sobrevivência do pequeno aparelho, apesar da introdução da tecnologia nos meios de comunicação social.

 

"A rádio tem um efeito surpresa de ninguém conseguir saber qual é o programa ou música que está a dar"

 

De onde vem o gosto pela rádio?

Nasceu comigo, quando era mais nova ouvia bastante música. Sempre gostei muito de comunicar. Em primeiro lugar queria ser jornalista porque não percebia a diferença entre jornalismo e entretenimento. O meu objectivo foi sempre trabalhar na rádio, tendo acabado por optar pelo entretenimento. Não me arrependo da decisão.

Gostavas de experimentar outros órgãos de comunicação?

Estive num jornal antes de chegar à rádio. Não coloco de parte experimentar televisão, mas a rádio é aquilo que me completa. Passar da rádio para a televisão não é dar um salto em frente, mas um passo como outro qualquer. A rádio é mais versátil porque somos nós que fazemos tudo, desde a produção à sonoplastia, além de termos que falar com o ouvinte. O locutor faz o trabalho todo. Na televisão há uma equipa que nos orienta, sendo que também só somos reconhecidos pela imagem e não pelo trabalho.

Quais as vantagens de trabalhar em rádio?

Torna-me uma pessoa mais capaz e multifacetada a nível da gestão das redes sociais e multimédia. Os ouvintes costumam ser mais fieis porque reconhecem a nossa voz.

Qual é a forma de contactar mais depressa com os ouvintes?

As redes sociais são a forma mais fácil de manter o contacto com as pessoas.

Costumas pensar na quantidade de pessoas que segue os programas?

No início temos de fazer esse exercício para não ficarmos nervosos. No entanto, sabemos quantas pessoas estão a ouvir-nos. Neste momento são quase meio milhão por dia. Não nos podemos abstrair porque estamos a falar para alguém mais importante do que nós. Um locutor não deve fazer rádio pensando nos gostos pessoais.

A rádio vai sobreviver à evolução da tecnologia nos media?

A rádio tem um efeito surpresa de ninguém conseguir saber qual é o programa ou música que está a dar, o que não acontece com os outros meios de comunicação. Também se pode estar a ouvir rádio enquanto se faz outra actividade porque não prende uma pessoa como acontece quando se está a ver televisão ou a ler jornais. Existe uma adaptação positiva às redes sociais, multimédia e participação em eventos permitindo o constante contacto com o ouvinte. Os números indicam que 51% da população ouve rádio, pelo que, vai continuar a sobreviver.

Mesmo com a evolução da televisão?

A rádio continua a fazer parte da vida das pessoas, apesar de continuarem a consumir os restantes órgãos de comunicação social. 

Em que altura do dia os portugueses estão mais colados à rádio?

A manhã é o prime-time de todas as rádios, menos das pessoas mais novas que costumam ouvir durante a tarde.

Quais foram os ensinamentos que tiveste?

Comecei por fazer apenas produção através da escrita para rádio e tive realizar sete meses de treino intensivo para falar ao microfone, através de um programa nocturno com duração de cinco horas.

Qual é o segredo da escrita para rádio?

Ninguém consegue estar cinco horas a falar sem ter um guião escrito e pensado. Um programa de rádio demora mais tempo a preparar do que a fazer. Normalmente quase três horas. A escrita para rádio significa escrever de improviso. O melhor improviso é o escrito, como acontece com os comediantes. A escrita tem de ser concreta e concisa para ir de encontro ao nosso público.

O que sentiste na primeira vez que falaste para o microfone?

Estava nervosa, mas recebi bastantes incentivos para continuar o trabalho.