Entrevista a Diana Tereno
A assistente de bordo aborda as vantagens e desvantagens do exercício da profissão. Diana Tereno revela em que sítios houve a necessidade de reforçar a segurança nos aeroportos devido à instabilidade mundial.
"Como assistente de bordo é preciso desenvolver uma parte humana com os passageiros sempre que surge um problema mais complicado"
Qual foi a razão de ter optado pela profissão de assistente de bordo?
Tive que abandonar a minha atividade empresarial por motivos pessoais, embora não tivesse sido a primeira opção em termos profissionais, como acontece com a maioria dos assistentes de bordo. Contudo, não mudava nada em relação ao trajeto que decidi efetuar.
Que tipo de habilitações são necessárias para se exercer a profissão de assistente de bordo?
O curso intensivo com a duração de três meses permite-nos obter uma licença. Existe uma formação prática e teórica relativamente às emergências, além de uma parte dedicada aos primeiros socorros. Também é preciso treinar os procedimentos de tripulação, como o embarque e o desembarque.
Consegue identificar a maior aprendizagem que já teve?
O sentido de responsabilidade depois de ter chegado a chefe de cabine perante os passageiros que não conhecem os procedimentos, mas também com os restantes tripulantes.
Quais são as vantagens e desvantagens da profissão?
No plano positivo, podemos conhecer pessoas e culturas dos quatro cantos do mundo, sendo que, existe um fator surpresa que é o de nem sempre haver uma rota definida. Contudo, estar muito tempo fora do ambiente familiar é um aspeto negativo.
Qual foi o lugar que mais gostou de visitar?
A minha cidade favorita é Nova Iorque, mas o lugar que mais gostei foi a Ilha da Páscoa. Apesar de ter pouco tempo disponível, foi possível visitar as estátuas Moais ou Naoki para apreciar o nascer do sol. No entanto, a chuva que se fazia sentir acabou por complicar a concretização do desejo.
O medo de voar diminui à medida que se ganha cada vez mais experiência?
Tenho mais medo de andar de carro do que de avião. Ter a sensação de voar é como estar em casa, sendo que, como assistente de bordo é preciso desenvolver uma parte humana com os passageiros sempre que surge um problema mais complicado.
Sente que existem cada vez mais protocolos de segurança nos aeroportos devido ao surgimento de novas guerras?
A segurança nos Estados Unidos e Israel é mais apertada, além de serem visíveis mudanças nalgumas capitais europeias, como Bruxelas e Paris depois dos atentados. Na Venezuela costumam fazer vistorias ao avião com cães pisteiros, enquanto na Arábia Saudita ficam com os passaportes dos tripulantes. Penso que as alterações são positivas porque visam proteger os trabalhadores dos aeroportos.
Presenciou alguma situação que tivesse colocado em causa a segurança a bordo?
Num voo desde a Tunísia até Marrocos houve um motim que gerou preocupações. Lembro-me que houve um atraso, mas como estava muito calor os passageiros começaram a ficar inquietos. A vontade de apanharem ar fresco fez com que se levantassem para abrir as portas, sendo que, pelo meio empurraram os membros da tripulação. Contudo, só havia escadas na porta da frente. A situação só ficou mais calma com a intervenção das autoridades, embora algumas pessoas tivessem pedido desculpa.