Entrevista a Carolina Granja

17-04-2016 11:57

A blogger do "Diário de um Courgette" aponta alguns problemas reais que estão relacionados com a alimentação e equilíbrio físico dos portugueses. Carolina Granja tem uma visão muito crítica da falta de vontade da maioria das pessoas alterarem os hábitos alimentares, bem como efectuarem desporto ou realizarem pequenos esforços no dia-a-dia

 

"Cada pessoa deve encontrar um estilo de vida adequado à sua personalidade"

 

 

Como nasceu a ideia de escrever um blogue?

Escrever foi, desde sempre, uma das minhas grandes paixões. No entanto, com a entrada na faculdade e mais tarde no mercado de trabalho, a falta de tempo e a pouca abertura à criatividade falaram mais alto e o gradual afastamento em relação à escrita tornou-se inevitável. Mais tarde, após adoptar um estilo de vida mais saudável, criei uma conta de Instagram na qual partilho diariamente a minha alimentação, receitas e treinos. À medida que a conta ganhou visibilidade, estimulei a paixão latente pela escrita. Após o incentivo do meu companheiro nasceu o "Diário de uma Courgette", que relata as partes íntimas de mim, e a minha forma de pensar. Courgette é um dos ingredientes que utilizo nas receitas.

Porque razão a alimentação é o tema principal do projecto?

O Diário de uma Courgette aborda os temas da alimentação saudavél, actividade física, equilíbrio entre corpo e mente, desenvolvimento pessoal, aceitação e amor próprio. Pretendi partilhar as minhas experiências e através delas, despertar as pessoas para as áreas da sua vida que não estão a prestar a devida atenção, seja a alimentação, a actividade física, comportamentos de autossabotagem, falta de auto-estima ou excesso de ansiedade. O meu objectivo é difundir a informação que considero relevante e útil para quem lê os textos, e simultaneamente, demonstrar que não existem vidas perfeitas, que temos as nossas fraquezas e dias menos bons, mas que é possível vivermos em equilíbrio e sermos felizes.

Qual é o público-alvo que conquistou?

Falo para jovens mulheres que desejam ter um estilo de vida mais saudavél e sentir-se bem nos seus corpos. Mas não só. Falo para mulheres que sofrem de ansiedade, falta de auto-estima e amor próprio; mulheres que se sentem frustradas e são as suas maiores críticas, pelo simples facto de não serem absolutamente perfeitas em todas as áreas da sua vida. Mulheres como eu, que sentem na pele as minhas dores, que partilham das minhas experiências, e que revêm nas minhas palavras as suas vidas, ainda que não consigam expressá-la da mesma forma.

Como avalia os hábitos alimentares dos portugueses?

Não estou profissionalmente ligada às àreas da saúde, nutrição e desporto, pelo que a minha opinião resulta do que posso observar nas pessoas que me rodeiam. Se por um lado penso que o interesse por uma alimentação equilibrada e pela prática da actividade física tem vindo a aumentar, seja em prol da saúde ou por motivos estéticos, por outro existe muita informação disponível que não corresponde à verdade e não tem em conta a individualidade de cada um, acabando por confundir as pessoas e levá-las a adoptar comportamentos que não são benéficos para si. Ainda assim, e apesar de achar que a adesão a um estilo de vida mais saudável tem vindo a aumentar, a grande maioria da população portuguesa continua a ser sedentária e a alimentar-se de forma desadequada às suas necessidades, seja pela falta de interesse e de tempo, seja pelo excesso de trabalho e stress, o que tem contribuído para os níveis de obesidade serem cada vez maiores em Portugal.

O que é necessário alterar?

Não existem soluções perfeitas e universais porque cada pessoa deve encontrar um estilo de vida adequado à sua individualidade, às circunstâncias da sua vida e aos seus objectivos. No entanto, ter uma alimentação equilibrada que garanta o acesso aos macro e micronutrientes que precisamos é fundamental. Se se consome produtos de origem animal, produtos processados, açúcar ou outros alimentos que hoje em dia são tantas vezes encarados como vilões, ficará ao critério de cada um, desde que com a consciência de que todos os alimentos, quando consumidos em excesso, são prejudiciais para nós.

Concorda com a ideia que os portugueses praticam pouco exercício físico?

As pessoas são cada vez mais sedentárias. Passamos grande parte do nosso dia sentados a uma secretária, deslocamo-nos em transportes públicos ou carros próprios, utilizamos elevadores em vez de escadas, fazemos compras on-line, e de modo geral, somos pouco activos. Existem situações que são inevitáveis, como por exemplo passarmos 8 horas por dias sentados, mas há várias alterações que podemos introduzir para aumentar a nossa rotina diária, como estacionar o carro mais longe da empresa ou de casa, sair na paragem de autocarro anterior, usar escadas, caminhar durante a hora do almoço, fazer passeios na natureza. São pequenas mudanças, mas que podem fazer a diferença e melhorar consideravelmente a nossa qualidade de vida.