Entrevista a Andreia Vale
A jornalista Andrea Vale escreveu o segundo livro cujo título "Cruz Credo, bate na madeira", pretende fazer um levantamento de 114 superstições adoptadas pelos portugueses. tendo confessado ao OLHAR DIREITO que o título da obra diz respeito à sua principal superstição.
"Gostamos de preservar as tradições"
1 - Por que razão decidiu escrever o livro?
A experiência com o meu primeiro livro, "Puxar a brasa à nossa sardinha", correu muito bem e, poucos meses depois de ter saído, já tinha pessoas a perguntarem-me "quando fazes o próximo?". Portanto, posso dizer que foi a pedido de muitas famílias (risos).
2 - Como fez o levantamento das 114 superstições dos portugueses?
Através de uma grande pesquisa. O livro tem uma bibliografia, obras e textos que consultei, mas confesso que também "chateei" muitos amigos com as minhas dúvidas.
3- Qual é a superstição que tem mais a ver consigo?
Claramente a de bater na madeira. É mesmo a que uso mais vezes, por assim dizer, ainda que seja um hábito inconsciente.
4- Na sua opinião os portugueses são supersticiosos?
Generalizar é um risco e, não tendo dados objectivos que me permitam responder que sim ou que não, muito ou pouco, prefiro pensar que gostamos de preservar as tradições.
5- O livro é uma crítica ao facto dos portugueses preferirem agarrar-se à sorte e azar do que ao trabalho?
O livro não é uma crítica nem um retrato humorístico. É um levantamento sobre as nossas superstições, com uma pitada pessoal (partilho muitas impressões, histórias que vivi e de família e amigos).
6- O que é para si a sorte e o azar?
Sorte é ganhar o euromilhões (risos). Deve ser da idade, mas cada vez mais creio que a sorte é um clichê: ter saúde, trabalho, família, amigos e amor. Ter azar é aleatório. Há pessoas que parece que nascem mais "azaradas" do que outras, mas temos sempre de acreditar que a nossa vida é muito o produto das nossas escolhas. Recebemos aquilo que procuramos. Se, pelo caminho, tivermos soluções de conforto, não me choca.
7- Pode descrever alguma situação na sua vida em que a superstição correu bem e uma em que correu mal?
Os desejos de passagem de ano não se têm realizado todos, por isso devo andar a fazer alguma coisa mal. (risos)